domingo, 30 de outubro de 2011

Alexandria


A cidade de Alexandria, Egito, ficou conhecida no contexto histórico graças a sua biblioteca, que já foi considerada a maior do mundo antigo e foi alvo de rumores com relação a sua ruína, como um incêndio provocado por Julio Cesar durante sua visita a cidade e até hoje, não possui uma explicação exata do que aconteceu.

O filme Ágora, ou Alexandria em seu título no Brasil, retrata os dilemas de batalha que a cidade egípcia passou, mas muito em torno da astrônoma Hypatia (Rachel Weisz), que também leciona as matérias de filosofia e astronomia na escola, que era juntamente à biblioteca. Nesta escola, eram educados os futuros líderes e viam em Téon, pai de Hypatia, seu maior tutor.

Fora da escola, via-se uma guerra entre cristãos e pagãos, com direito a derramamento de sangue, com os cristãos tomando posse de boa parte da cidade aos poucos e derrubando monumentos pagãos. Ao mesmo tempo em que Orestes (Oscar Isaac) nutre um sentimento por Hypatia, ele acaba se tornando prefeito de Alexandria e seu escravo Davus (Max Minghella), que também sente algo pela astrônoma, se divide entre a fé cristã e a paixão.

Alexandria é uma produção que contem um conteúdo bem complexo, muito em razão da guerra pela aceitação de uma religião, ou seja, três: crista, judia e politeísta, que resolviam tudo na base da faca, até mesmo despindo mulheres. Aliás, nesta época, a mulher era vista como uma subordinada, coisa que Hypatia fazia questão de deixar claro que não era, mas sim independente numa época crítica.

O diretor espanhol Alejandro Amenábar consegue conciliar dilemas importantes no filme, além da guerra entre religiões, o grande estudo de Hypatia, (defendida com brilho por Rachel Weisz) com relação ao movimento do planeta Terra em torno do sol e a destruição da biblioteca de Alexandria, retratada em um belíssimo plano, acompanhada de uma discreta, mas melancólica partitura de Dario Marianelli.

Mesmo que aparente cansaço no meio da projeção, Alexandria é uma produção ambiciosa, mas uma possibilidade de imaginar o que pode realmente ter ocorrido, não só com a biblioteca, mas também com Hypatia, uma personagem que - pode não ter ganhado um enfoque maior para o lado bibliográfico, mas tentou ir além de seus pensamentos.

Cotação: 7,5

Alexandria (Ágora, 2009)
Direção: Alejandro Amenábar
Roteiro: Alejandro Amenábar e Mateo Gil
Elenco: Rachel Weisz, Max Minghella, Oscar Isaac, Rupert Evans, Manuel Cauchi, Ashraf Barhom, Michael Lonsdale, Sami Samir, Richard Durden.