domingo, 31 de julho de 2011

Carros 2


Em 2006, a Pixar Animation Studios lançou Carros, uma declaração nostalgica de John Lasseter as estradas americanas antigas e acompanhado de uma uma simples lição de moral que atingia a todas as idades, envolvendo um piloto de corrida que teve que se desviar do caminho para aprender grandes valores com relação a bondade e a amizade. Mesmo não sendo uma obra-prima, o que valia era a história simples, técnica impecável e uma trilha sonora deliciosa.

Mesmo com esses elementos positivos, Carros é considerado – em relação a roteiro – o mais fraco da Pixar. È uma surpresa ver um filme como esse ganhar uma sequência e uma das maiores perguntas era qual seria a história da vez, já que houve uma certa conclusão logo mesmo no primeiro com relação ao destino daqueles carrinhos.

Carros 2 inicia com Relâmpago McQueen, campeão da Copa Pistão, retornando a cidadezinha de Radiator Springs para rever seus amigos, especialmente o guincho Mater. O descanso é adiado quando McQueen aceita participar de uma corrida que tem como objetivo promover um combustível não-poluente e convida Mater para acompanhá-lo. O que não esperava era que o guincho caipira fosse confundido pelo Serviço de Inteligência Britânica como um espião americano.

A nostalgia das estradas e a lição de moral do primeiro filme dão lugar a uma trama de espionagem que bebe da fonte de filmes como a série 007. A escolha de Mater como o protagonista da vez foi acertada, já que o guincho é carismático e engraçadinho, mas o roteiro não explora bem a dramaticidade da amizade dele com McQueen, mas sim a relação entre os espiões Flynn McMíssil e Holly Caixadibrita.

A técnica ainda é impecável. Além do ótimo trabalho de Michael Giacchino na trilha instrumental, o design dos carros que vão desde do Aston Martin (o carro de James Bond) até mesmo a versão vampiro de Mater e passando também pela rainha da Inglaterra, além do tour em cidades como uma Tóquio cheia de neon, além de Londres e uma bela Paris de Ratatouille.

Em comparação a outras produções da Pixar, Carros 2 possui um roteiro preguiçoso por usar elementos conhecidos de outros filmes para interagir com os mais novos, cumprindo sua função de entreter. Mas, até é fácil perdoar os criadores de filmes que já marcaram muitas infâncias. Até os geniais possuem bloqueios de ideias e isso é o caso de Carros 2.

Cotação: 6,5

Carros 2 (Cars 2, 2011)
Direção: John Lasseter e Brad Lewis
Roteiro: Ben Queen, baseado em história de John Lasseter, Brad Lewis e Dan Fogelman
Elenco (vozes): Larry the Cable Guy, Owen Wilson, Michael Caine, Emily Mortimer, Eddie Izzard, John Turturro, Joe Mantegna, Thomas Kretschmann, Bonnie Hunt, Jeff Garlin, Tony Shalhoub, Jason Isaacs.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Comentários sobre o trailer de The Ides of March


O drama político Boa Noite e Boa Sorte, segundo filme dirigido pelo ator George Clooney teve como ambiente a liberdade de expressão nos tempos do chamado 'Macarthismo'. È uma produção que acertou não só tensão da história, mas também de usar o preto e branco e encaixar perfeitamente as imagens de arquivo.

Depois de se aventurar na direção de uma comédia de época, Clooney volta ao terreno político com The Ides of March, beseado na peça Farraguth North, escrita por Beau Willimon e trazendo atores como Chris Pine, Olivia Thirlby e Chris Noth nos papéis principais. A trama é centrada no governador de Iowa, do partido democrata americano durante sua campanha como candidato as eleições presidenciais e em seu assessor de imprensa que vê-se envolvido com o lado corrupto da política.

George Clooney interpreta o candidato e Ryan Gosling, seu assessor. Além deles, o elenco conta com Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Marisa Tomei, Jeffrey Wright, Max Minghella e Evan Rachel Wood. O filme irá começar sua carreira como filme de abertura do Festival de Veneza, o mesmo que abriu as portas para Boa Noite e Boa Sorte tempos atrás. A previsão de estreia é para 21 de outubro.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

X-Men: Primeira Classe


Alguns filmes baseados em heróis em quadrinhos arrecadam muito nas bilheterias, mas não correspondem as expectativas do público, especialmente os fãs. Por esse motivo, são pensadas nas histórias de origem, dando certo fôlego as franquias já existentes, isso já aconteceu com Batman, brevemente com o Homem-Aranha e agora com os mutantes de X-Men, que depois de dois bons filmes, patinou na terceira parte e erraram em criar uma história de origem de seu personagem mais famoso.

X-Men: Primeira Classe é a mais nova produção envolvendo os mutantes, mas para contar do início o relacionamento entre o Professor X e Magneto, posteriormente inimigos. A história tem como fundo os anos 1960, em plena Guerra Fria. Em um lado da moeda, temos Erik Lensherr (Michael Fassbender), testemunha dos horrores da época, perdeu a mãe assassinada pelos nazistas e se dedicou a vingá-la. Do outro lado, temos Charles Xavier (James McAvoy), um sujeito bem formado e (porque não?) sedutor.

Com a crise dos mísseis que envolvem Estados Unidos, União Soviêtica e Cuba, que ameaçam uma terceira guerra mundial, um oficial nazista chamado Sebastian Shaw (Kevin Bacon), mutante que usa seus poderes para influenciar líderes em iniciar a liberação da energia atômica dos mísseis, formando poderes aos mutantes, fazendo com que a CIA entre em cena para deter Shaw e recrutam Charles e Erik para ajudar.

Juntamente com essa questão da típica batalha entre o bem e o mal, X-Men: Primeira Classe dá certa carga dramática aos peronagens. Os mutantes são jovens que além de lidar com os dilemas da idade, também precisam enfrentar o preconceito da sociedade em aceitar seus maiores dotes. O exemplo dessa busca estão nos personagens Mística e Fera, que tem dificuldades em se aceitarem como são, além das lembranças que pertubam Magneto e mostrar um lado bom que até o próprio desconhecia.

A escolha do elenco jovem, mas eficiente merece méritos, começando com a dupla James McAvoy e Michael Fassbender, que além de mostrar maior sintonia e também humanizar seus personagens e ficar na torcida para amizade deles durarem para sempre, mesmo o espectador ter noção das reviravoltas na relação de ambos. McAvoy conquista pelo carisma, Fassbender pela força de seus objetivos, tornando-se o mais fascinante do filme.

Além deles, temos personagens com grande importância na narrativa, cumprindo muito bem suas funções. A exemplo dos jovens mutantes que buscam por uma cura para o chamado problema, graças a atuações eficientes de Jennifer Lawrence como Raven/Mística e de Nicholas Hoult no papel de Hank/Fera, além de Kevin Bacon, dando a seu Sebastian Shaw toda a perversidade e algumas vezes, irreconhecível em cena. O filme ainda conta com as presenças de Rose Byrne, January Jones e Oliver Platt, este último numa rápida aparição.

X-Men: Primeira Classe, além de dar fôlego novo a franquia que encontrava-se desgastada, consegue trazer uma perfeita combinação que falta aos filmes-pipocas atualmente: inteligência, eficiência e dramaticidade, além de divertir, claro.

Cotação: 8,5

X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011)
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Ashley Miller, Zach Stentz, Jane Goldman e Matthew Vaughn, baseados em história de Sheldon Turner e Bryan Singer
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Kevin Bacon, Rose Byrne, Jennifer Lawrence, Oliver Platt, Jason Flemyng, Zoë Kravitz, January Jones, Nicholas Hoult, Caleb Landry Jones.

terça-feira, 12 de julho de 2011

O que esperar de As Aventuras de Tintim?

As Aventuras de Tintim, do belga Hergé foram apresentadas pela primeira vez em um jornal francês que tinha um caderno voltado para o público infantil em 1929. Posteriormente, as aventuras do jovem repórter e seu fiel companheiro canino Milu ganharam outros exemplares literários, produtos como selos postais e uma série de desenhos que no Brasil eram exibidos na TV Cultura nos anos 1990. Mas o que a série tinha de interessante é mesclar mistério e humor com personagens carismáticos e divertidos para a mais variada faixa etária.

Era inevitável que as fascinantes aventuras de Tintim fossem ganhar um filme, ainda mais com Steven Spielberg e Peter Jackson juntando forças para tornar realidade, mas claro do uso da técnica atual da captura de movimentos, usada muito por Robert Zemeckis em filmes como O Expresso Polar, substituindo as atuações em carne e osso. Pelo que o primeiro trailer completo de The Adventures of Tintin: Secret of the Unicorn apresenta, a escolha desse critério por Spielberg pode ser descrito como parecer chegar perto da essência da obra, ao mesmo tempo em que se usasse o live action, teríamos atuações caricaturais, especialmente de personagens como Capitão Haddock e da dupla Dupond e Dupont.

Pelo trailer, pode-se esperar por um filme com muita ação e mistério, além de uma técnica impecável, especialmente na trilha composta por John Williams, parceiro habitual de Spielberg. No elenco que empresta seus movimentos (e vozes) aos personagens, nomes como Jamie Bell (Tintim), Andy Serkis (Capitão Haddock), Daniel Craig (Red Rackman), Simon Pegg e Nick Frost (Dupond e Dupont). A estreia está prevista para 11 de novembro de 2011. Fique com o trailer de Tintim logo abaixo:

quarta-feira, 6 de julho de 2011

As Coisas Impossíveis do Amor


No começo de As Coisas Impossíveis do Amor, somos apresentados a belas fotos da protagonista vivida por Natalie Portman com seu filho recém-nascido, mostrando emoção e alegria num momento como esse. Mas é o dilema da maternidade que o filme tenta tratar, já que a personagem precisa enfrentar a perda e esforços para ser aceita.

Emilia é uma jovem que começa a trabalhar em um escritório de advocacia pertencente a Jack (Scott Cohen). Ali, eles começam a ter um caso que resultou no fim do casamento de Jack com a médica Carolyn (Lisa Kudrow, conhecida pelo seriado Friends). Posteriormente, Jack e Emilia se casam e têm uma filha que por causas naturais, faleceu dias depois de nascer. Além da difícil superação com a morte precoce da filha, Emilia ainda tenta conquistar seu enteado, ao mesmo tempo que lida com os ciúmes de Carolyn.

As reais intenções do filme é apagar a famosa imagem da madrasta, que sempre é vista como temida e sempre rejeitada. È o ponto de vista dela, com suas dificuldades em manter o casamento, ao mesmo tempo que tenta se aproximar do filho de seu marido, sendo uma confidente, com o típico "Pode deixar que não conto, será nosso segredinho", ao mesmo tempo que seu pai reaparece pedindo perdão por ter trocado a esposa por outra.

Enquanto o filme traz estas qualidades de premissa, mas possui personagens sem simpatia. Tirando Emilia que é bem defendida por Natalie Portman, temos uma caricatura na forma de Lisa Kudrow, como a ex-esposa ciúmenta Carolyn, além de o Jack de Scott Cohen ficar apagado em muitos momentos, o que pode ser considerado um pecado pelo tamanho da importância de seu personagem.

O que As Coisas Impossíveis do Amor ganha em conflitos, perde por ser vazio, principalmente em explorar as pessoas importantes ao redor de Emilia, fazendo com que fique cansativo am alguns momentos. Mas, valeu por abrir as oportunidades e mostrar que é possível explorar melhor o ponto de vista da outra mulher e fugir dos estereótipos dos contos de fada.

Cotação: 6,0

As Coisas Impossíveis do Amor (The Other Woman, 2009)
Direção: Don Roos
Roteiro: Don Roos, baseado em livro de Ayelet Waldman
Elenco: Natalie Portman, Scott Cohen, Lisa Kudrow, Charlie Tahan, Lauren Ambrose, Anthony Rapp, Daisy Tahan, Elizabeth Marvel, Michael Cristofer, Debra Monk.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Meia-Noite em Paris


No início de Meia-Noite em Paris, o protagonista diz em um momento que largaria sua vida nos EUA - em que é um roteirista de filmes - para viver em Paris. Porque além de ser um colírio visual, é um lugar perfeito para escritores frustrados terem certa inspiração para escreverem suas histórias. Um pensamento romântico, digamos.

Gil (Owen Wilson) desembarcou em Paris com sua noiva Inez (Rachel McAdams), acompanhar os pais desta que estão a negócios por lá. Ele é um sujeito idealista e sonhador, acha que a Cidade-Luz é mais encantadora na chuva. Ela é mais realista e fútil, pensando somente o que está ao seu redor têm a ver com o consumismo, além da aproximação maior com um pedante ex-namorado dela, um pseudo-intelectual.

Não conseguindo se adaptar a rotina “agitada” de sua noiva e dos amigos dela, Gil começa a fazer passeios noturnos pela cidade e quando o sino toca na meia-noite, ele acaba se deparando com algumas figuras como os escritores Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald e sua esposa, Zelda, o músico Cole Porter, o pintor Pablo Picasso, entre outros, na época dos anos 1920, quando eles andavam por cafés e pontos turísticos.

Depois de começar estes passeios noturnos, Gil deparou-se com o seu maior sonho de viver a época dos anos 20, ou poderia estar ficando neurótico, é um dilema que Gil enfrenta: querer viver este sonho ou voltar para os EUA e ter uma vida miserável. O que pode ser separado entre a fantasia ou a imaginação numa situação dessas?

Woody Allen coloca em discussão a imagem de Paris, que possui um acervo histórico muito rico, especialmente na Belle Époque, a era de ouro da beleza. È uma viagem turística-histórica que não exige muito conhecimento do espectador, só viajar na fantasia, sonhar acordado. O clima do filme lembra muito da declaração de amor de Manhattan e da fuga da realidade de A Rosa Púrpura do Cairo.

Sobre o elenco, Owen Wilson faz seu tour de force como Gil Pender, incorporando bem os tiques de Allen sem soar forçado. A carismática Rachel McAdams está ótima, mas infelizmente não é muito beneficiada por sua Inez causar total antipatia. Do outro lado, temos a sensacional Marion Cotillard como Adriana, musa inspiradora de Picasso, além de Michael Sheen, como o amigo pedante Paul, Alison Pill como a esposa de Fiztgerald e Adrien Brody, numa breve, mas impagável participação como Salvador Dalí.

A vida necessita que podemos embarcar em um lugar e procurar inspiração. È isso que Meia-Noite em Paris quer proporcionar para os amantes de um bom e belo Cinema. Sonhar não é um perigo, é uma das maiores artes que existem para entendermos o significado da vida.

Cotação: 9,5

Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris, 2011)
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAdams, Mimi Kennedy, Michael Sheen, Kurt Fuller, Kathy Bates, Corey Stoll, Léa Seydoux, Adrien Brody, Carla Bruni, Alison Pill, Tom Hiddleston, Gad Elmaleh, Nina Arianda.