
A versão norte-americana de
Os Homens que Não Amavam as Mulheres comprova ainda mais a teoria de que a personagem Lisbeth Salander é fascinante, não só pela sua astúcia, mas também pelo modo como se defende e se isola de uma sociedade em que boa parte é formada por homens que não são muito confiáveis.
O espectador é transportado para 1966, ao clã da família Vanger. Eles são donos de um grande império industrial, juntando os três irmãos, um deles sendo Henrik (Christopher Plummer), o mais velho, que ainda não desistiu de procurar sua sobrinha Harriet, desaparecida há mais de 40 anos. Posteriormente, vemos o jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig) que recebera uma condenação por difamação em razão de uma reportagem publicada pela revista Millennium, que está passando por crise.
Em razão das dificuldades de Mikael, o patriarca dos Vanger resolve contratar o jornalista para resolver o caso Harriet, ao mesmo tempo em que pode ser uma oportunidade de limpar sua reputação. Para ir mais fundo na investigação, Mikael passa a conta com a ajuda da cyber punk Lisbeth Salander (Rooney Mara).
A relação que nasce posteriormente entre Mikael e Lisbeth é delicada, começando a se tornar romântica. Salander é uma mulher reclusa e que começa aos poucos a se expressar com outra pessoa, vendo que Mikael é um sujeito respeitável, ao contrário de alguns homens que já cruzaram o caminho dela.
O respeito em torno da obra original é muito presente em
Os Homens que Não Amavam as Mulheres, começando pelos nomes dos personagens e locais da história mantidos, dando certa autenticidade. O famoso e intrigante crédito inicial do filme traz o “nascimento” de Lisbeth, são referências ao passado e o presente da personagem.
Com a ajuda de uma fotografia acinzentada, uma montagem movimentada e uma trilha sonora que varia entre o frenético e o calmo, o diretor David Fincher consegue dar total atmosfera e fidelidade ao clima da obra de Stieg Larsson. O maior achado do filme é caracterização de Lisbeth Salander feita por Rooney Mara, em um visual mais extravagante, mas por traz revela-se uma mulher vulnerável e de gênio forte. Mesmo não tendo uma atuação espetacular, Daniel Craig revela-se competente na caracterização do repórter abatido pelos dilemas pessoais e profissionais.
Os Homens que não Amavam as Mulheres é uma aula de como fazer um filme que respeita a riqueza de sua história. Mas, em se tratando de respeito, as mulheres da história sofrem por estarem vivendo em uma sociedade mais vulnerável ao mau-caratismo, a frieza e crueldade do sexo oposto. È "má e gelada".
Cotação: 8,5
Millennium - Os Homens que não Amavam as Mulheres (The Girl With The Dragon Tattoo, 2011)Direção: David Fincher
Roteiro: Steven Zaillian, baseado em livro de Stieg Larsson
Elenco: Rooney Mara, Daniel Craig, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård, Robin Wright, Steven Berkoff, Joely Richardson.