sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Árvore da Vida



Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? (Jó 38:4-5)

Por que a vida é assim? Será que estou fazendo a coisa certa? Essa e outras perguntas similares fazemos a nós mesmos muitas vezes, com as respostas vindo devagarzinho no decorrer de nossa existência e questionando sobre o comportamento da sociedade com relação aos acontecimentos naturais e pessoais. Mesmo que aparente ter as respostas, A Árvore da Vida acaba por colocar mais questões em incógnita para que se tenham interpretações sobre um mesmo assunto: o sentido de viver.

O personagem condutor de A Árvore da Vida é o bem-sucedido Jack (Sean Penn, meio apagado), que mesmo com uma vida confortável, existe algo que o perturba muito, relacionado à sua família, que acabou se afastando depois que seu irmão faleceu aos 19 anos. Juntamos a ele para relembrar sua trajetória nos anos 1950, com seus pais (Brad Pitt e Jessica Chastain) começando uma família com o nascimento das crianças e os costumes da época: o pai viajava a trabalho a mãe tinha que ficar em casa para cuidar dos afazeres.

O casal O’Brien possuem personalidades diferentes: o pai impõe uma educação rígida, despertando a sensação de medo, enquanto a mãe é uma mulher delicada, boa e de coração aberto. O pré-adolescente já começa a questionar a atitude do pai para com ele, mesmo que isso seja para ensinar as crianças para desde cedo se tornarem pessoas dignas e aprendam o que a vida prepara.


A Árvore da Vida pode ser classificado em três partes: o começo, o desenvolvimento e o fim. Aqui, Terrence Malick adepta a “imagem conta mais que palavras”, colocando na tela belíssimas imagens que classificam como uma cronologia da existência humana, envolvendo o Big Bang até mesmo a extinção dos dinossauros, chegando ao nascimento de uma criança até como a morte pode afetar a família e até mesmo as pessoas ao redor.

Outra ousadia é a quase falta de diálogos, somente algumas frases de pensamento usado em momentos-chave do filme, que acaba cansando um pouco, mas fazem com que o espectador fique atento - mesmo não deixando totalmente explícito o lado religioso – o que Malick menos quer do público é o questionamento da existência do Criador.

Além da belíssima fotografia, o filme conta com uma trilha sonora inspirada de Alexandre Desplat, que de tão emocionante e bela parece que foi feita no céu e com atuações significativas de Brad Pitt e Jessica Chastain como os pais e de Hunter McCracken como o jovem Jack.

É complicado dizer em palavras sobre A Árvore da Vida, um filme intimista que exige do espectador uma atenção total e assisti-lo mais de uma vez. Complexo que nem a vida, em que tudo pode acontecer, mas que muitas vezes nem demos conta. Essa é a maior das pretensões de Terrence Malick.

Cotação: 8,0

A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011)
Direção: Terrence Malick
Roteiro: Terrence Malick
Elenco: Brad Pitt, Jessica Chastain, Hunter McCracken, Sean Penn, Fiona Shaw, Dalip Singh, Kari Matchett, Joanna Going, Laramie Eppler, Tye Sheridan, Irene Bedard.

16 comentários:

O Neto do Herculano disse...

Um filme que exige total imersão do espectador, quem se permitir terá uma bela experiência cinematográfica e não sairá no meio da sessão "decepcionado com o novo trabalho de Brad Pitt". Terrence Malick perfeito, novamente.

Wally disse...

O filme que mais antecipava ver esse ano e até agora nada de chegar por aqui. :(

Hugo disse...

Estou curioso para conferir, gosto do cinema lento e contemplativo de Malick.

Até mais

Rafael W. disse...

É um espetáculo sensorial e contemplativo magistral. Fácil, um dos melhores do ano.

http://cinelupinha.blogspot.com/

Kamila disse...

Pois é, tenho tanta vontade de assistir a este filme, mas ainda não estreou por aqui. Pelo que afirma seu texto e a nota que você deu, me parece que você não se envolveu tanto assim com "A Árvore da Vida". Acho que tenho a sensação de que esse é o tipo de filme que você precisa assistir várias vezes para começar a se posicionar diante dele.

Mayara Bastos disse...

Por que você faz poema?, teve muitas pessoas que sairam decepcionadas da sessão, esperavam um romance. ;)

Wally, se chegar ai, não perca. ;)

Hugo, é lento, mas é preciso assistir muitas vezes para se ter uma certa conclusão. ;)

Rafael, um espetáculo mesmo. ;)

Kamila, pois é. Sai do filme sem um envovimento maior por causa da identificação, que não tive, mas é um belo fime para refletir e é preciso assistir mais de uma vez. Pensei até em deixar sem uma nota definitiva. rsrs. ;)

BRENNO BEZERRA disse...

Ainda não chegou em minha cidade. Lamentável.

Elton Telles disse...

Não acho um filme tão complexo, mas é exigente, com toda a certeza. "A Árvore da Vida" representa um desafio a qual o espectador tem que abraçar se quiser ficar realmente conectado com a história ofuscada pelos significados. É sensorial, filosófico, contemplativo. Uma riqueza de sentidos a ser explorados e experimentados. Mallick destrói aqui, mas entendo totalmente aqueles que saíram decepcionados, só lamento a falta de submissão a algo novo do público, isso acontece com muita frequência, pois a pessoa vai ao cinema não esperando nada além do que algo que ela goste. "A Árvore da Vida" é muito mais que isso ;)

Bjs!

Matheus Pannebecker disse...

Esse é um filme que dividiu tanto a opinião do público que nem sei mais se quero conferir... Talvez em dvd!

Jonathan Nunes disse...

Infelizmente ainda não estreou por aqui, me parece ser aquele tipo de filme ame ou deixe. espero poder ver no cinema ainda. abraços.

Elisangela disse...

Boa tarde.
Gostaria de informações sobre como dilvulgar nossa mostra no site?
nossa programação é totalmente gratuita, neste Domingo 25/09 termos
filme voltados para cultura nordestina, com foco nas cidades de Juazerio
e Recife.
Temos material de divulgação on-line e impresso.

Juazeiro a nova Jerusalém - Domingo 25/09 – 16 horas
Dir. Rosemberg Cariri -CE, Brasil, 2006, documentário, cor e P&B, 72 min, 10 anos

O filme conta a história do Padre Cícero Romão Batista (1854-1934)
e revela um universo desconhecido e fascinante, onde o sonho se confunde com a realidade.
Os fatos históricos, a história espiritual e mítica da cidade, através das obras dos artistas e
dos depoimentos dos beatos e romeiros que falam do encanto e desencanto de Juazeiro
como “A nova Jerusalém”.


Guia prático, histórico e sentimental da cidade do Recife - Domingo 25/09 – 19 horas
Dir. Léo Falcão - PE, 2008, documentário, cor, 70min, livre

Inspirado na obra homônima de Gilberto Freyre – o primeiro guia de uma cidade brasileira,
publicada em 1934. Vários personagens ligados à cidade participam do filme,
através de depoimentos e leituras de trechos do texto original da obra.
Participação de Lenine, Roger, Hermila Guedes, Geninha, Nana, Jota, Germano, Lívia, Kátia.

Aguardo retorno.
Agradeço
Elisangela - estagiaria

SESI Santo André
Pça. Dr. Armando de Arruda Pereira, 100 – Santa Terezinha– Santo André – SP
(11) 4996-8633 | 4996-8634

cleber eldridge disse...

É um filme que ainda vai render muito assunto, mais muito mesmo. Eu acho ele poético, mas também com diversas interpretações diferente de cada um que assiste ... De qualquer forma, o fica por enquanto e uma experiência única, uma experiência visualmente gostosa, artistica e principalmente reflexiva.

Otavio Almeida disse...

Eu gostei muito. Mas tenho dificuldade em reconhecê-lo (ainda) como uma obra-prima. Só que é mais fácil o Terrence Malick estar certo do que eu, né?

Bjs!

David Cotos disse...

Requiere una atención total por parte del espectador. La película es muy bella, te atrapa. De lo mejor de un gran 2011 en cine de autor.

Fernando Borges disse...

Gostei bastante do filme exatamente por ser tão peculiar. Um dos poucos filmes com pouco diálogo que me agradaram tanto. Como eu assisti no cinema, acredito que é mais difícil ficar entediado, mas talvez em casa seja mais fácil... Saí do cinema pensativo. É sempre bom (talvez nem sempre rs) ver/ler algo que fuja do padrão.

Anônimo disse...

Odiei o filme! cansativo e monótono! não entendi porra nenhuma... afinal qual dos irmãos morreu? O filme não revela nada. Um desastre. Pior filme da minha vida.